quarta-feira, 23 de abril de 2008

Imagens de Mimos

Marcel Marceau



Traje típico do Mimo



Pintura do rosto do Mimo



Várias posições para a performance do Mimo

Imagens de Mendigos

Mendigo a dormir na praça.



Mendigo a dormir junto a uma árvore



Mendigo a dormir em cartões, coberto de jornais



Mendigo a dormir na rua, em pleno dia

Descrição Funcional





O chão do espaço onde a instalação se encontra, está imaginariamente dividido em nove zonas sensíveis, sendo que, o participante activa cada uma delas ao colocar os pés na zona correspondente.
Ao entrar no espaço, o participante activa uma das zonas, iniciando um vídeo. Conforme o movimento do participante, existem várias hipóteses a partir daqui:
O filme termina e o participante não se move:

  • O filme pára e vai ficando mais escuro até desaparecer;

O participante passa para a zona sensível seguinte antes de terminar o filme que estava a ver:

  • O filme anterior continua durante mais três segundos, antes de mudar para o seguinte;

O participante tem os pés em duas, três ou quatro zonas sensíveis ao mesmo tempo:

  • Activa-se a zona sensível onde ele tiver tocado primeiro;
  • Activa-se a zona sensível em que ele estiver mais dentro;
  • Activa-se a zona sensível aleatoriamente, entre as hipóteses;

(Hipóteses ainda a discutir, pois depende da facilidade técnica em implementar cada uma delas, já que, conceptualmente são opções idênticas.)

Esquemas de apoio

Vista de cima



Zona mais próxima




Zona intermédia



Zona mais afastada



Zonas laterais


Planificação do desenvolvimento do Projecto


Revisão do estado da arte teórico/histórico

Cada um dos artistas e das obras aqui referidas contribuíram de alguma forma para a delineação deste projecto a nível conceptual. Scott Snibbe tem trabalhos muito interessantes, especialmente no que respeita à forma de interacção entre os participantes e a peça artística. Todas as suas obras aqui referidas têm o corpo como o elemento que interage naturalmente para explorar e modificar a peça. Assim, o seu trabalho serviu para compreender as diferentes maneiras de levar o público a estabelecer contacto com o trabalho, mantendo a simplicidade.
Daniel Rozin possui um grande conjunto de obras baseadas no espelho, na reflexão do participante, que se observa transformado, distorcido pelo tempo, mas sempre único, com a sua própria identidade. A identidade é já há bastante tempo um tema que me interessa e para o qual procuro várias formas de conseguir chegar ao fundo da questão, pelo que, tanto os trabalhos deste artista, como o projecto Microsoft Live surgiram como hipóteses diferentes para representar uma identidade, seja ela pessoal ou colectiva.
Por outro lado, Carlos Caires tem uma elevada pesquisa acerca da narrativa interactiva, como a forma mais completa e significativa de criar projectos interactivos. Segundo ele, os projectos verdadeiramente originais são os que incluem uma narrativa, já que esta é sempre diferente e torna o trabalho único. A sua perspectiva influenciou-me a fazer uso do meu gosto por narrativas para integrar uma no projecto. Porém, o fascínio que os elementos virtuais que ajudam a aumentar a nossa realidade me provocam também, levaram-me a procurar um equilíbrio entre as duas formas de expressão.

Breve Descrição do Projecto

Com este trabalho, procuro dar mais visibilidade aos mendigos com os quais nos cruzamos diariamente. Não como uma exaltação à mendicidade, mas como um reconhecimento aos que, mesmo vivendo na rua, usam o seu esforço e criatividade para ganhar a vida. Os Mimos de rua são, para nós, criaturas estranhas que animam as ruas por onde passamos. Porém, evitamos olhar mais de perto, para não encontrarmos o mendigo que fingimos não vermos quando dorme coberto de cartões. E evitamos mais ainda ver a pessoa que vive nesse mendigo, porque dói ver uma pessoa a viver na rua. Mas se for só um mendigo… dói menos.
Como nos diz Antoine de Saint-Exupéry, há muito que os homens esqueceram os rituais que levam as pessoas a conhecerem-se, a prenderem-se e a cativarem-se umas às outras. Por isso, senti a necessidade de criar uma instalação interactiva onde procuro recuperar o conceito de relacionamento.
O participante é levado a iniciar uma relação com a pessoa que se encontra na tela, pela curiosidade de se aproximar para ver melhor, primeiro, e depois pela magia dos movimentos do Mimo que geram coisas invisíveis. Essa invisibilidade real é esbatida pela realidade aumentada que faz aparecer aos nossos olhos o que só existe na imaginação que nos liga ao Mimo.
Todavia, uma relação é algo que se constrói, são limites que se vão dilatando com o tempo. É o tempo que investimos numa relação que a torna importante. Mas os Homens já não têm tempo e, se tentarem apressar o contacto com o Mimo, se se aproximarem demasiado, irão assustá-lo.

Sinopse

Relembrando que o importante é a pessoa em todos nós, mais do que aspecto que temos. Entre um mendigo de quem desviamos o olhar para não vermos a sua miséria e um Mimo que nos atrai por nos fazer sonhar, existe uma mesma pessoa. Uma pessoa que merece o nosso tempo, que deseja ser cativada ou que já nem sabe o que isso é.
Como também já esquecemos como se cativa alguém, a interacção é simples. Basta andar, aproximar, afastar e ver a realidade de diferentes perspectivas para compreender.